POR: G I V A L D O CALADO DE FREITAS *
G
I V A L D O
CALADO
DE FREITAS
Sou ruim de contas.
Mas... não era para sê-lo. Pelo menos nessa dimensão. Até por que, também,
trabalho muito com elas.
Afinal, também, sou
empresário, há décadas, além uma série de “ex’s.” Que precisavam fazer contas.
Tive excelentes mestres
em contas no meu Curso Ginasial, e, lá, na frente, no meu Curso Clássico. Que
dele quis correr para o Científico.
A Secretária do
Colégio... Sim, ele mesmo, Diocesano de Garanhuns, quis saber do porquê desse
meu súbito desejo.
Em princípio, pensei em
não responder. Afinal, que direito tinha ela em querer sabê-lo?
De repente, as regras
ditadas por minha mãe aos seus seis filhos, à minha mente: “Meus filhos,
procurem ser educados e tolerantes com as pessoas, mesmo diante de suas eventuais
intromissões em suas vidas.”
E,... amável. E,...
educado. Eu respondi: “Não quero ser mais advogado, professora. Agora, quero
ser médico.”
E isso eu dizia, não sem
tremer, amiúde, à sua cólera e à sua indignação, saudosa que estava, com
azedume, e com um olhar de soslaio e malevolente pra mim.
“Vá pra sua sala de aulas, menino! Não está vendo que você não tem cara de médico?”
Salvou-me, sem propósito,
acredito. Eu, médico?
Outro dia, li que Rubem
Braga dissera que matou um rato na Pensão de Dona Bertha com o canudo de seu Diploma
de Bacharel em Direito.
“Eu sabia qu’essa merda
ainda servia pr’alguma coisa.” Teria dito, irritado, o mestre cronista Afinal,
um...
Longe de ser meu caso e
de tantos e tantas colegas. E de tantos e tantas amigos e amigas, que passaram
pela Casa de Tobias.
Numa das paredes de meu
“cantinho”, para meu orgulho, lá está ele, à espera de fechar 50 aninhos, e
tendo-me dado “d’comer” por muitos e muitos anos, a mim e a minha família.
Apesar de eu, já, não raro, alquebrado, e de olhos inchados, tomado de estupor.
Mas sem achar “o trabalho não só um fardo insuportável, como também a pior das
degradações”, na infeliz expressão de Erico Veríssimo, em sua SAGA, talvez o
mais controvertido de todos os seus romances, segundo ele próprio.
* Empresário. Acadêmico.
Figura pública
Crônica escrita em 21/12/20
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