quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

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Maracatu e Cavalo-Marinho são registrados como Patrimônio Cultural do Brasil

Deputada Luciana esteve na reunião que aprovou os registros

Mesmo em um dia de intensa atividade na sessão do Congresso Nacional, a deputada Luciana Santos esteve no início da tarde desta quarta-feira (3), na reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que aprovou o registro do Maracatu Nação, do Maracatu Baque Solto e do Cavalo-Marinho como Patrimônio Cultural do Brasil. O pedido de inclusão foi feito pela Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco. 

“Tem grande significado o Estado brasileiro reconhecer essas manifestações como forma de expressão da cultura brasileira”, disse a deputada em sua saudação ao conselho. “É papel de todos nós fazer valer a identidade do povo brasileiro e estejam certos que essa decisão terá como rebatimento o fortalecimento dessas expressões”, continuou. 

Luciana afirmou que a manutenção dessas expressões culturais é fruto da perseverança e do esforço daqueles que fazem a cultura permanecer viva, cuidando e passando as tradições através das gerações. Ela citou como exemplo o mestre Salustiano, em seguida saudou seu filho Manoelzinho Salustiano, que estava presente à reunião, também o mestre Grimário e Fábio Sotero, representantes dos maracatus e do cavalo-marinho. “Sou testemunha do quanto esses homens e mulheres persistem e procuram fazer valer essa tradição com a força da sua paixão, das suas convicções, das suas ideias”, comentou.

A deputada, que é presidenta da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, também parabenizou o secretário Marcelo Canuto pelo trabalho e pelo esforço e lembrou o empenho do ex-governador Eduardo Campos (in memorian) para a manutenção das tradições culturais. “Há um patrimônio e uma cadeia cultural muito rica em torno dessas expressões que foram aprovadas hoje por esse conselho. Por isso vamos comemorar esse momento com muita alegria, pelo fato histórico que é, e por tudo que representa para nós pernambucanos e brasileiros”. 

A 77° reunião do Conselho Consultivo acontece hoje (3) e amanhã na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também analisará registro como Patrimônio Cultural da Tava Miri dos M’bya Guaranis, do Sitio São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul. Poderão ser tombados, ainda, a Coleção Geyer, do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), o Acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG) e o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, de Cachoeira (BA)

O Maracatu Nação - Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, com a grande maioria dos grupos concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife, o Maracatu Nação é uma forma de expressão que apresenta um conjunto musical percussivo e um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e apresentações durante o carnaval.  No cortejo estão personagens que acompanham a corte real, como o séquito do rei e da rainha do Maracatu Nação e outras figuras, entre elas as baianas, os orixás, as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano, consideradas ícone do fundamento religioso e marco identitário dos maracatus nação.

Os grupos são compostos majoritariamente por negros e negras e carrega elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira. É entendido como uma forma de expressão que congrega relações comunitárias, compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado, evidenciadas por meio da relação desses grupos com os xangôs (denominação da religião dos orixás em Pernambuco) e jurema sagrada (denominação da religião de características afro-ameríndias que cultua mestres e mestras, caboclos, entre outras entidades). Os maracatus nação ainda podem remontar às antigas coroações de reis e rainhas congo.

O Maracatu Baque Solto - O folguedo conhecido por maracatu de baque solto, maracatu de orquestra, maracatu de trombone, maracatu de baque singelo ou Maracatu Rural ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. É composto por dança, música, poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata, também tem apresentações na Região Metropolitana do Recife e outras localidades.

Os mais antigos maracatus foram fundados em engenhos por trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e início do XX. Esta herança imaterial é revelada em gestos, performances, nos pantins de caboclos e dos arreiamás, na dança das baianas, nas loas dos mestres, nas indumentárias vestidas pelos folgazões. Diferente do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto é um resultado da fusão de manifestações populares, como Cambindas, Bumba-meu-boi, Cavalo Marinho e coroação dos reis negros.

A expressão do Maracatu Baque Solto está tanto na sua musicalidade, um tipo de batuque ou baque solto, como por seus movimentos coreográficos e indumentária dos personagens e pela riqueza de seus versos de improviso. O aspecto sagrado/religioso/ritualístico é presente no folguedo durante todo o ano, durante os ensaios e sambadas, dando à manifestação a característica de ser o segredo do brinquedo, tão caro a seus detentores.

O Cavalo-Marinho -  Uma brincadeira popular envolvendo performances dramáticas, musicais e coreográficas é o que caracteriza o Cavalo-Marinho, apresentado durante o ciclo natalino. e seus  brincadores são, em geral, trabalhadores da Zona da Mata, mas também ecoa na região metropolitana de Recife e de João Pessoa (PB),  entre outras localidades. No passado, era realizado nos engenhos de cana-de-açúcar e seu conhecimento é transmitido de forma oral.

Durante a apresentação são representadas as cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira). Contém ainda louvação ao Divino santo Rei do Oriente e possui momentos em que há culto à Jurema Sagrada. O Cavalo-Marinho se realiza num terreiro de chão plano e, geralmente, no ar livre e reúne, ainda um grande número de elementos artístico-culturais e sócio-históricos, como mestres e os elementos da vivência do trabalho rural.

No Cavalo-Marinho constroem-se constantemente novas identidades em cima da tradição. Existem diferentes formas de brincar, o que imprime neste bem cultural uma constante transformação em função do partir do variado diálogo com brincadores.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural -  O Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros que representam instituições como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com conhecimento nos campos de atuação do Iphan.


Da Assessoria em Brasília
Com Assessoria de Comunicação do Iphan
Enviada pela Assessora de Comunicação da Deputada Federal - Luciana Santos (PCdoB/PE)

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