sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

=> CRÔNICA: VENHA MORAR EM GARANHUNS, AMIGO!

POR: Givaldo Calado de Freitas*



Quando você está concentrado no trabalho, olha pela janela e pensa: “Ô sorte!”

Vivo em Garanhuns! Até de meu ambiente de trabalho aprecio essa maravilha do pôr do sol de minha cidade.

Subindo as Colinas "Monte Sinai" e "Columinho", sentindo aquela brisa que Manuel Bandeira tanto desejou, aí é que tenho que repetir: ô sorte! Vivo em Garanhuns!

Logo cedo, no café da manhã no Palace, encontrei um amigo que não via faz muitos anos. Muitos! "Givaldo, não aguento mais o Recife. Tenho vindo muito à Garanhuns, e ficado, aqui, com o amigo". “Comigo? Como? Se nunca o vi por aqui?”, perguntei. "É que, Givaldo, eu procurava me esconder de você. Sei do seu apego, do seu entusiasmo... por sua cidade, e não queria ser cooptado por você. Eu tinha que decidir minha vida sozinho. Sem mulher por perto. Sem filhos. Sem netos. Enfim, sozinho. Em Recife é que não fico mais. Não aguento mais". No que eu lhe disse: “Verdade? Então, amigo, Garanhuns lhe escancara as portas, e começa a escancará-las pelas minhas. Venha para Garanhuns!”. Quer saber? Semana passada um colaborador meu me dizia: “Há um cidadão que quer falar de todo jeito”. “Já disse que agora, não, porque em reunião”, disse-lhe. No que o meu colaborador respondeu: “Mas ele está forçando a barra!”. Pedi-o para que trouxesse o cidadão até minha sala. De repente, entra o amigo. Olhei pra ele e, assustado, perguntei: “Você? O que fizeram com você, meu amigo?”. No que ele me respondeu: “É a vida, Givaldo. A vida maltrata a gente!”. “Vou fingir que não ouvi isso. Coisa nenhuma! A vida, bem vivida, se prolonga, se reinventa. E, agora, com essa dos 140... Tenho uma receita pra você. Quer ouvir? Ouvir e cumprir?”, falei. “Primeiro, deixe-me, pelo menos, dizer por onde ando, antes de você me passar sua receita". Respondi-o: “Claro! Claro! Fique a vontade!”. Então, ele começou: "Você sabe. Estudei aqui, no Diocesano. A vida me mandou para o Amazonas. Bati quase todo o norte do país. E fui forçado, muitos anos depois, a mudar para Alagoas, onde continuo morando em Arapiraca. Mas, Givaldo, amigo, eu não gosto de lá. Tenho verdadeiro horror àquela cidade. Mas minhas coisinhas, deixadas por meus pais, estão lá. Tem noite que sonho com a Garanhuns de minha juventude. Aí, bate-me uma vontade danada de voltar. E eu dou um pulinho, aqui”. “Venha pra cá, amigo!”, exclamei. Tive vontade de falar de seu estado, mas tive medo. Porém, disse-o: “Quer voltar pra sua cidade, conte comigo. Conte com a hospitalidade garanhuenses”. Ficou de vir. Vamos conferir mais tarde. Afinal, me pediu seis meses para tomar uma decisão.




O meu amigo a quem reencontrei hoje, me perguntou: "Por que você me conta essa história, Givaldo? Que tenho eu a ver com essa de seu amigo?" Disse-o: “Tudo.” Mas com muito cuidado. O mesmo cuidado que tive com o outro meu amigo, sobretudo depois que me disse por onde andava.


* Figura Pública. Empresário.

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