sábado, 7 de dezembro de 2019

=> Observatório da Sé celebra os 137 anos da participação de Olinda na observação do Trânsito de Vênus

Há 137 anos, no dia 6 de dezembro de 1822, o Brasil participaria pela primeira vez de um empreendimento científico de repercussão internacional. Foi a observação do Trânsito de Vênus que, no país, foi realizada em em Olinda, com equipe liderada pelo astrônomo Julião Lacaille. A partir das observações foi possível chegar a medidas mais exatas da distância da Terra ao Sol. Em homenagem às observações de 1822, foi construído um obelisco em Olinda, próximo ao elevador panorâmico do Alto da Sé.
O evento vai ser lembrado pelo Observatório da Sé, com atividades lúdicas e observação do Sol durante o dia e, à noite, dos planetas Vênus, Júpiter e Saturno, além da nebulosa da constelação de Órion e do aglomerado estelar da constelação de Touro. As atividades serão nos dias 9 e 10 de dezembro, de 16h às 20h.
O trânsito de Vênus é a passagem do planeta Vênus diante do Sol, que oculta uma pequena parte do disco solar visto da Terra. É um fenômeno raro, que só é possível quando os três corpos celestes se encontram alinhados. Ocorrem numa sequência que geralmente se repete a cada 243 anos, com pares de trânsitos espaçados de 8 anos, seguidos de longos intervalos de 121,5 e 105,5 anos. A sequência mais recente aconteceu em 2004 e 2012 e a próxima está prevista para 2117 e 2125.
Para medir a distância de um objeto é preciso que ele seja observado de dois pontos diferentes. Para objetos localizados no sistema solar, dois pontos distantes localizados na superfície da Terra podem ser suficientes. Mas para estrelas fora do sistema solar, é preciso usar como referência o diâmetro que a Terra descreve ao redor do Sol. As Leis de Kepler, que regem o movimento dos planetas, estabelecem uma relação exata entre os períodos orbitais dos planetas e os raios de suas órbitas. Com isso, é possível constituir um elo de conexão entre todos os corpos do sistema solar.  
Ou seja, conhecer a distância da Terra ao Sol seria a base para medir distâncias entre quaisquer corpos no universo. Kepler foi o primeiro astrônomo a conseguir predizer um trânsito de Vênus, em 1627. Desde então, as observações dos fenômenos tornaram-se mais comuns e, no século XVIII, passou-se a organizar  missões astronômicas globais, com observações realizadas de pontos espaçados do planeta.
Foi o que aconteceu em 1882, quando o Brasil, pela primeira vez, participou de um destes empreendimentos científicos internacionais. A região de visibilidade total compreendia toda a América do Sul; toda a América Central e o leste da América do Norte. Além do Brasil, diversos países participaram do empreendimento, a exemplo da França, Inglaterra e Estados Unidos.
O Brasil participou com três missões organizadas pelo Observatório Nacional. A primeira, de Olinda, ficou em território nacional; a segunda foi para a ilha de São Tomaz, nas Antilhas; e a terceira observou a partir de Punta Arenas, no Chile. As medidas obtidas da distância Terra-Sol foram muito próximas do valores atualmente aceitos. Novas observações foram realizadas durante os Trânsitos de Vênus de 2004 e 2012, que permitiram, entre outras coisas, refinar as técnicas para busca de planetas fora do sistema solar.
NO OBSERVATÓRIO DA SÉ:
Dias 9 e 10 de dezembro
De 16h às 20h

  • Atividade lúdica sobre o sistema solar e os princípios do Trânsito de Vênus
  • De dia: Observação do Sol
  • Início da noite: Observação dos planetas Vênus, Júpiter e Saturno
  • Noite: Observação da nebulosa da constelação de Órion e do aglomerado estelar da constelação de Touro
    

Fonte / Texto: Fabiana Coelho - Comunicação do Espaço Ciência

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