Garanhuns vivenciou a 4ª edição do seu Festival de Literatura – FLIG, e um universo de apresentações atraíram nesta sexta-feira (20) um público interessado em prestigiar um mundo de conhecimentos.
No segundo dia do evento, “O papel do escritor na sociedade contemporânea”, foi um dos destaques pelas abordagens feitas por escritores de Garanhuns. Na observação de Manoel Neto Teixeira, vivenciamos uma época de ouro pelo quantitativo de literaturas no país, a escrita virou parte da economia criativa. Segundo ele a sociedade contemporânea é de consumo e de espetáculo, uma vez que a beleza se tornou ponto central das manifestações culturais. Ele lembrou que o livro alimenta o cinema e o cinema alimenta o livro, na perspectiva de espetáculo. “Vivemos em uma era exibicionista no próprio meio literário também. Só acho que a literatura tem é que desenvolver o sentido crítico para a melhor compreensão do mundo, da forma que ele realmente é”, defendeu. Para completar a defesa do referido escritor, um espectador alertou que se não tivermos uma sociedade mais crítica, ficaremos à mercê da sociedade do espetáculo, e isto é preocupante.
Sob a ótica do autor Aristóteles Bastos o livro deve ser escrito de dentro para fora, para vender de fora para dentro. Segundo ele o governo brasileiro é atualmente o maior comprador de livros do mundo. Cento e sessenta milhões são de livros técnicos, profissionais e de autoajuda, e mais 160 milhões são de literatura. Em suas afirmações, dois terços das livrarias brasileiras estão no Sudeste. Outra observação foi que a classe “c” está aumentando sua participação no mercado literário, de forma bastante expressiva, pela ascendência econômica. Sendo assim, mais pessoas se interessam pelos livros e os custos deles caem.
Para Aristóteles é desafiador ser escritor nesta sociedade contemporânea, já que as pessoas preferem uma ficção à uma verdade.
Interagindo com a temática, a programação do evento também abordou nesta noite de sexta-feira: “Dimensões da facticidade e da fantasia na literatura”. Na ocasião o renomado escritor garanhuense, Raimundo Carrero, defendeu que a realidade é uma ficção,pois no que acreditamos, verdade é. “Tudo o que coloco na literatura pode ser uma grande ficção que não foi registrada no livro de história, pois o que achamos que é mais verossímil para a sociedade, é o que imaginamos”, declarou Carrero. O escritor anunciou que a sua próxima obra será baseada nos teólogos, e trará como título: Jesus – O Cristo perseguido. Ele defende que Jesus foi mais perseguido, que amado, pois antes mesmo dele nascer sua perseguição foi iniciada.
A noite de sexta-feira no FLIG ainda contou com o lançamento da primeira edição do livro do garanhuense Carlos Guedes, sobre a Geografia de Garanhuns e também com o Sarau dos 100 anos de Vinícius de Moraes. Sob os aplausos da plateia, a boa música fez a despedida da noite, como protagonista no palco do festival de reflexões.
TEXTO E FOTO: Cássia Amaral (Secretaria de Comunicação de Garanhuns)
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