POR: Givaldo Calado de Freitas*
Tenho sido muito procurado por um amigo. Ligações? Inúmeras... Passagens por meu escritório? Já se vão várias. Em minha residência? Outras tantas. Em uma delas, lá vem Emília: “Givaldo, ele está aí. O que o digo?” Pensei: “Ora, ora, Emília! Você está me vendo, aqui? Diga-o que não estou. Que saí. Que fui comprar picolé... Enfim, que sumi.” “Mas... Givaldo...”, insiste Emília.
“Tá bom. Tá bom... Vou lá. Vou lá.
Você sabe o que ocorre? Ele vive a me pedir explicação de tudo. E nem aos inimigos, que não tenho, se explica. Quem dirá a um amigo querido como ele... E depois, eu não gosto de quem me põe em dúvida. Ou confia ou não confia. E ponto final.”
Cheguei a ele e fui logo dizendo:
“Amigo! Você vem me deixando triste. E essa tristeza faz-me mal. Queres-me essa doença da moda? Como é mesmo o nome dela?”
É que, amigo, não gosto quando se põe em dúvida o que digo. Sou-lhe claro: Ao amigo, peço que me acredite, no que pese o ditado árabe, que diz: Nunca se explique. Os amigos não precisam. Os inimigos não acreditam.”
E mais: Ainda não sou capaz de tirar as meias sem antes tirar os sapatos.
Nisso, chega Eraldo. Pergunto-o, na presença desse amigo sem fé: “Eraldo, você acredita em mim? Preciso estar lhe dando satisfação a todo hora sobre tudo que faço?”
Eraldo deixa de lado sua conhecida timidez e diz: “De jeito nenhum, Givaldo. Você é meu amigo. Sou seu amigo. Em você confio. E nada lhe pergunto quando as obviedades estão à mesa. E, com você, elas sempre estão.”
Voltei para o amigo e perguntei: “Sabe, agora, da diferença do amigo para o inimigo?” E disse mais: “Continuo aprendendo a arte de fazer política. Mas sei que o feio dela jamais aprenderei, porque não o absolvo. Porque assim fora formado pelos meus pais e pelos meus mestres no passado. E, a cada dia, me convenço mais de que preciso dos conselhos dos verdadeiros amigos. A M I G O S!”
O gol não saía. Via todos nervosos. Ora gritando. Ora aplaudindo. Gritando, cobrando de nossos heróis. Aplaudindo, saudando suas grandes jogadas.
E eu, aqui, de olho na telinha. E eu, aqui, tecendo essas linhas. E o danado do gol sem sair.
De repente, uma amiga: “Que fazes?” Disse-lhe: “Uma crônica sobre esse amigo, ali. Seu título: AMIGO”.
De repente, de novo, o primeiro; o segundo gol, e eu já na crônica “GOL SUADO”, em adiantado estado de gestação.
Quase ensurdeci. Porque concentrado nas linhas. Porque felicitado nas jogadas. Que, afinal, fizeram registrar, no painel, Brasil 2 X Costa Rica 0.
*Acadêmico. Figura Pública.
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