Conduzido pela família de mãe Beth de Oxum, a sambada vem garantindo a difusão do coco, além de uma série e ações que fomentam a arte, a formação e a tecnologia na perspectiva da cultura de matriz africana
Olinda é celeiro de grandes mestres e mestras do coco. No Bairro de Guadalupe está localizado um dos mais importantes grupos de coco de Pernambuco. O Coco da Umbigada, conduzido por mãe Beth de Oxum e Quinho Caetés completa, neste sábado (2), 20 anos de atividades. Mãe Beth manda avisar: com ou sem paralisação, o samba de coco de umbigada vai rolar até altas madrugadas. Além dos donos do terreiro, a noite de celebração contará com a presença de importantes representantes do gênero. Coco Irmãs Lopes, Dona Glorinha do Coco, Aurinha do Coco, Coco das Mulheres, Coco de Umbigada, Coco Mestre Zeca do Rolete, Coco da Resistência e Coco Batuque das Morenas também levarão suas peculiares batidas para a tradicional sambada do Guadalupe.
Cultura e resistência são as marcas do samba de coco de umbigada, que teve início no São João de 1998, no bairro de Guadalupe, em Olinda. Uma festa que resgata uma tradição familiar, a partir da ressignificação de um tambor feito da madeira nobre da macaíba, que pertencia à família de Quinho Caetés, e representava a memória de seus antepassados.
“Criamos um espaço de celebração e difusão da história do coco. No início o coco não tinha essa capilaridade que tem agora. Era produzido apenas no ciclo junino. Hoje temos vários lugares de Pernambuco desenvolvendo e trabalhando com coco o ano inteiro, e a festa que realizamos mensalmente é mais um espaço de difusão. Juntamos todo mundo na mesma roda fortalecendo a brincadeira e o território”, reflete.
Fazer da sua comunidade um espaço de entretenimento é difícil, mas nesses 20 anos de existência da Sambada de coco no bairro do Guadalupe, a comunidade também se apropriou e se abriu ao projeto. Hoje são mais de 30 famílias que faturam com a festa. “É uma geração de economia de base comunitária. Sem falar de todas as outras atividades que nós aqui defendemos”, coloca Beth de Oxum.
Tudo começou no quintal da casa da família de Beth e Quinho. Com a continuidade, foi fomentando uma maior consciência de seus participantes a respeito do papel maior da brincadeira: pertencimento em relação ao seu território, valorização, difusão e preservação da memória da brincadeira do coco. E assim, há vinte anos, todo primeiro sábado de cada mês, a sambada se repete, mobilizando um público médio de até duas mil pessoas, entre coquistas, mestres da cultura popular, artistas, produtores culturais, educadores, gestores públicos, estudantes, turistas, jovens, a comunidade em geral do Guadalupe.
Na visão do grupo, a Sambada de Coco do Guadalupe é a ocasião onde a comunidade se reúne para tocar, cantar, dançar, reverenciar a ancestralidade, os orixás do Candomblé e as entidades da Jurema Sagrada; dialogar; registrar e documentar – através de fotografias e pequenos vídeos – a produção cultural dos grupos participantes.
A partir da sambada, foram desenvolvidas outras ações que, juntas, compõem a atuação do Centro Cultural Coco de Umbigada: organização comunitária, sem fins lucrativos, que mantém atividades artísticas, culturais e educacionais oferecidas para a comunidade como forma de resgate de práticas, valores e da auto-estima através do protagonismo cultural.
O lugar já foi contemplado pelo edital de Pontos de Cultura e até hoje acessa editais que potencializam as ações já desenvolvidas. Um dos mais importantes projetos é na área de formação e tecnologia. Chama-se LAB Coco e tem como “carro-chefe” o desenvolvimento do projeto Jogos de Ifá. “Fizemos 267 etapas e já cumprimos 8. Teremos muitos anos para trabalhar em torno desse projeto, que visa o desenvolvimento de roteiros baseados na mitologia afrobrasileira, que ressignifica a diáspora africana, trazendo para o centro as figuras dos orixás e toda sua cultura”, explica Beth de Oxum.
O Centro Cultural Coco de Umbigada também mantêm a Rádio Amnésia. A rádio livre exibe diariamente programas variados que trazem, para o centro dos debates, temas de interesse da comunidade além de executar a produção musical das periferias nordestinas e brasileiras.
O Centro Cultural administra ainda carreira da banda de coco. Há um ano, o grupo lançou o CD “Tá na Hora do pau comer” e seguiu para turnê na Alemanha (Berlim), Áustria (Viena) e Suíça (Berna). “Só numa noite vendemos 150 discos. Já temos convites para voltar para esses países esse ano de novo. O que já está certo é a turnê de agosto, quando iremos trabalhar esse disco no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, onde vamos fazer parceria com Mano Brown, tocando no Capão Redondo”, conta Beth.
Segundo a artista e comunicadora, “cultura e resistência” marcam o trabalho realizado pelo coletivo. “Criamos um espaço de celebração e difusão da história do coco. No início, o coco não tinha essa capilaridade que tem agora. Era produzido apenas no ciclo junino. Hoje temos vários lugares de Pernambuco desenvolvendo e trabalhando com coco o ano inteiro. Por isso essa festa mensal que realizamos é tão importante, pois garante esse espaço de difusão e circulação da brincadeira e de seus artistas”, reflete.
Fazer da sua comunidade um espaço de entretenimento é difícil, mas nesses 20 anos de existência da Sambada de coco no bairro do Guadalupe, a comunidade também se apropriou e se abriu ao projeto. Hoje são mais de 30 famílias que faturam com a festa. “É uma geração de economia de base comunitária. Sem falar de todas as outras atividades que nós aqui defendemos”, coloca Beth de Oxum.
Serviço
20 anos do Samba de Coco do Guadalupe
Sábado (2), a partir das 19h
Participações: Coco Irmãs Lopes, Dona Glorinha do Coco, Aurinha do Coco, Coco das Mulheres, Coco de Umbigada, Coco Mestre Zeca do Rolete, Coco da Resistência e Coco Batuque das Morenas.
Entrada gratuita
Fonte: Assessoria de Comunicação
Secretaria de Cultura de Pernambuco
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe
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