terça-feira, 17 de abril de 2018

=> CRÔNICA: QUIS SER MÉDICO

POR: Givaldo Calado de Freitas*


A gente só dá viva aos nossos médicos e dentistas quando os incômodos que nos atormentam vão embora. Essa é a regra. Pelo menos a que me ocorre. Tenho medo de ir a médicos. Outro dia, escrevi exatamente isso: “Tenho medo de ir a médico”. Pois não é que um amigo dileto, que deve ter lido a minhas palavras em leitura dinâmica, desatenta... Veio-me tomar satisfação? “Eu quero saber o que você tem contra os médicos? Você disse que não gosta deles.” Disse-o: “Amigo, cuido que você deve ter lido isso em outro autor. Nunca disse isso sobre os médicos. Aliás, devo dizer-lhe que tenho vários amigos que são médicos. Mas me diga: por que você se irritou tanto? Afinal, você não é médico. Por que as dores por expressão que nunca escrevi, nem escreverei, até porque nada tenho contra os médicos? Simplesmente não gosto de procurá-los. “É que minha esposa é médica e, entendendo errado o que você escreveu, fiquei magoado.” “Ah! O que o amor não faz?” - disse aos meus botões.   

Penso, hoje, recordando de uma mestra que tive. A ela disse, certa vez: “Quero mudar de turma, professora. Quero sair do curso clássico para o curso científico”. Ela me perguntou o porquê. “Quero ser médico. Desisti de ser advogado.”. Ela olhou para mim e me disse: “Volte para a sua sala de aula. Não está vendo que você não tem cara de médico?” 


Outra época, contei essa história a um político, e ele se saiu com essa: “Teria sido um perigo, para nós, você, médico.” Dei de ombro. Fiz-me de desentendido. E fiquei a pensar: então estou certo. O médico, na política. O padre, na política. Não combina. De repente, confundem os ofícios. Ninguém pode servir a dois senhores. E, política, para mim, é atividade séria, nobre, missionária... Que exige vocação e preparo ao seu exercício. Que exige dedicação. E esta exclui a prática de outros ofícios.    

Neste dia, portanto, dedicado a vocês, médicos e médicas de minha cidade, gostaria de saudá-los, dizendo de minha admiração pela profissão que exercem, e do meu esforço para, a cada dia mais, ter menos medo de procurá-los em busca de sua assistência.       


*Figura Pública. Empresário.

Crônica redigida em 18.10.2017

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