POR: Givaldo Calado de Freitas*
A República do Brasil pode ser dividida em cinco períodos historicamente ricos à nação.
Com efeito, a partir de sua proclamação, em 1889, ao ano de 1930, conviveu a nação com a chamada “República Velha” ou "República das Oligarquias". Que deu azo a muitos terem saudade do Brasil Império e, muito mais, de seu competente, honesto, liberal e culto Imperador, Dom Pedro II. Ele, que chegou a impressionar Anatole France, em sua passagem pelo Rio de Janeiro, pelos louvores que ouvira a Dom Pedro II, a ponto de ter referido: “Mas se o vosso monarca era assim, por que foi destronado?” E, lá atrás, de Victor Hugo, que o recebeu em sua residência em Paris: “Senhor, sois um grande cidadão!”
O segundo período vem de 1930 a 1945, chamado de "Era Vargas", ou de "Ditadura de Vargas", ou, ainda, de "Estado Novo", posto que este só a partir de 1937, com Vargas no poder desde 1930.
O terceiro período, alcunhado de "República Populista", vem de 1946 a 1964. Ou seja: de Dutra a Jango, passando por Vargas, de novo, agora nos braços do povo; Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, estes por pequenos períodos; Juscelino Kubitscheck, que cumpriu, como Eurico Dutra, todo o mandato - 05 anos; Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli e João Goulart. Os dois primeiros também por pequenos períodos, e Jango, que fora deposto, tendo cumprido, somente, 02 anos e 208 dias.
O quarto período, chamado de “Quarta República” ou “Ditadura Militar”, vem de 1964 a 1985. Com a segunda redemocratização do estado brasileiro - a primeira em 1945.
Finalmente o quinto período, alcunhado de “República Nova”, que vem da queda do regime militar e flui até nossos dias.
"Mas o que tem Celso a ver com isso, Givaldo?", pergunta-me uma amiga querida, em pleno show de Andrea Amorim, nesta “Magia do Natal de Garanhuns”.
“Para mim, amiga, muito. Primeiro, pelo prefeito que fora em nossa cidade. E em períodos distintos: na plenitude do Estado Novo: de 1937 a 1945 e, depois, com Vargas, nos braços do povo de sua cidade, de 1952 a 1955, com a redemocratização.
À sua cidade deixou muito. E eu me deteria em três empresas dele, ainda hoje saudadas por seus conterrâneos, embora ele já falecido há tantos anos: o Palácio que, hoje, leva seu nome; a Praça Dom Moura e o Cristo Crucificado, este erguido na Colina Magano, a 1.200 metros de altitude. Monumentos símbolos de nossa cidade, e obras de seu primeiro governo - 1937 a 1945. Mas eu destacaria, ainda, o Cassino Monte Sinai, construído na Colina Monte Sinai, a 930 metros acima do nível do mar. E também outro símbolo de nossa cidade. Esta, mais uma dentre as Sete Colinas da Cidade das Flores. Que não chegara a funcionar por conta de sua proibição por Eurico Gaspar Dutra. Daí se dizer que Vargas legalizou os Cassinos em 1938. Quando o Monte Sinai, e tantos por esse Brasil afora estavam prontos para funcionar, Dutra os proibiu, em 1946.
Aí, outra história, amiga. Que me entristece. Sobretudo, depois que recebi de Nelson Siqueira uma preciosidade: as contas. Sim, a prestação de contas feita por Celso Galvão dos gastos com a construção daquele Monumento, mais um símbolo da nossa cidade. E essa prestação fora feita tostão por tostão, ou cruzeiro por cruzeiro, já que aquela moeda só tivera vigência legal até 1942”.
"E por que outra história? E por que essa tristeza, Givaldo? Alguma coisa contra Cassinos? Se Garanhuns seria uma das poucas cidades do Norte e Nordeste brasileiros e a única cidade de Pernambuco a tê-los?"
“Não, amiga. Não! Nada tenho contra Cassinos. Cheguei até a estudar um pouco sobre eles. E a minha conclusão é no sentido de que seria muito bom à nossa Economia, haja vista o fluxo turístico que passaríamos a ter. Minha tristeza está no que acontece em nossos dias. Dou exemplo: nossos estádios, construídos recentemente. Que vergonha! Você está vendo o que dizem deles. Superfaturamentos. E mais superfaturamentos. Assaltos. E mais assaltos ao erário público.
Aí quando penso em gestores públicos da nossa cidade como Celso, Amílcar, Dourado... bate-me uma saudade danada da decência, da honradez, da honestidade... de nossos homens públicos do passado. Aí, amiga, fico triste. Muito triste. Até depressivo... E é natural que assim fique. Porque atenta contra minha formação de homem educado, com rigor, pelos meus pais. Porque colide com as orientações que me foram prestadas por homens e mulheres que cuidaram de minha educação. Meus grandes mestres, com destaque para a figura do Monsenhor Adelmar da Mota Valença que, em suas aulas de civilidade, realçava, recorrentemente, os valores da decência, da honradez e da honestidade. E, também, da humildade e da solidariedade, cujas ausências, daquelas e destas, claramente, excluem um exercício justo e humano e, portanto, exitoso de uma gestão. Seja esta de natureza pública, seja esta de natureza privada.
É. Tenho saudade, amiga. Muita saudade. Muita! Mesmo! Parece que o mundo mudou. E para pior. Apesar dos avanços da ciência e da tecnologia. Porque parece que esses avanços científicos e tecnológicos minaram e destruíram os valores de nossos caracteres, que, hoje, rareiam. Porque não foram capazes de conviver com o mundo de nossos dias. Moderno. Contemporâneo.
*Figura Pública. Empresário.
Crônica redigida em 12/12/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário