terça-feira, 3 de abril de 2018

=> Crônica: HOTELEIROS VALENTES

POR: Givaldo Calado de Freitas*


Acordei, hoje, com sinais de grande cansaço e preocupação. Por que negar, sobretudo, esse último?

Tá! Cansaço. Tudo bem... Afinal, meus dias a dia têm sido muito corridos e longos. Há deles em que chego perto da exaustão. Ou dela mesmo. Mas... Tudo bem! Eu gosto da labuta. E hei de continuar nela até o dia que Deus quiser.

O porquê do cansaço, portanto, fica explicado. Afinal, depois de todo um dia, adentrando pela noite até às 21h30min/22h, não é nada mole. E, ao chegar em casa, ainda lá vou eu às minhas leituras ou ao meu notebook escrever essas linhas. E, se diga que esses dias começam muito cedo, vez que por volta das 06h45min/07h já me encontro sob eucaliptos, caminhando, nas pistas do "Parque dos Eucaliptos". Sim, no Parque Euclides Dourado, homenagem da cidade ao seu criador, nos idos da Primeira República.

E a preocupação? Que quer ela de mim? Por que sua presença? Presença, diga-se de passagem, indesejável.

O Cansaço fica explicado: é, realmente, por excesso de trabalho ou pouco repouso. Tanto que quando repouso até onde meu corpo pede, restabelece-se meu vigor e entusiasmo à luta.

A questão fica, portanto, por conta da preocupação que parece, para ela, não ter remédio. No Brasil atual. Todo dia! Ah! Todo dia! Já não se suporta mais.


Ontem, recebi algumas ligações de amigos, que falavam sobre nosso dia. Dia do hoteleiro. Tive um susto! Confesso que estava completamente esquecido. E a todos que me ligavam... E a todos com quem, presencialmente, conversava... Meu Deus! Como pode? 

Logo eu, que fui presidente da Associação, aqui, de Garanhuns. Que lha fui tão incentivador. Que, no ofício, sempre agi com vigor e valentia na defesa da categoria? Esta que se organizou e se mantém organizada desde 1936? Esta que orgulha nosso país, nosso estado e nossa cidade, gerando emprego e renda para milhares. Na verdade, 1,3 milhão de empregos diretos e 665 mil de empregos indiretos. E que impacta dezenas de segmentos econômicos - cerca de 52.

Enfim, logo eu? Logo tantos, como eu? No que pese os anos, as décadas, e a honra de pertencermos à categoria em nossas cidades e fora delas?

Parei. Preciso pensar. E não demorou muito para chegar à razão de minha preocupação, que é de todos. Pelo menos de muitos desses todos. Muitos desses todos que me ligaram e conversaram comigo para dizer de suas situações.

Preocupações de muitos desses todos que dão conta de notícias nada alvissareiras, máxime da parte de colegas independentes. A saber:

A I - Cortes de despesas. Reduções de quadros. E, com estes, ameaças de deficiências em seus serviços...;

A II - Ausências de reinvestimentos. E, com estas, iminências de declínios das Unidades Habitacionais...;

A III - Morosidade na execução das ampliações projetadas. E, com esta, tomada do mercado por grupos nacionais ou internacionais em detrimento da excelência da hotelaria independente.

Afinal, por que do registro de tantas notícias ruins, que levam à categoria tanta preocupação?

É simples! A grande queda nas ocupações das Unidades Hoteleiras. Que debilitam essas empresas, deixando-as impedidas de crescer. Ou, de pelo menos, se manter.

Daí, muitas delas, fechando parcial ou totalmente suas portas. Porque não chegam a atingir, sequer, seus pontos de equilíbrios. Enfim, sobretudo, por conta desse imbróglio em que se meteu nosso país, prejudicando, grandemente, o lazer das famílias, é de se dizer que neste dia o hoteleiro, sobretudo os hoteleiros independentes, que estão à frente de seus negócios, e a eles dedicados, não têm muita razão para comemorar.

No entanto, sou homem de fé e esperança, e, com esforço e dedicação, hei de continuar apostando no retorno do segmento à sua vida normal. Posto que saiba que o segmento será um dos últimos a provar dessa tão falada recuperação econômica do país. Que demora. E demora...

Quero deixar as preocupações de lado. Mas... como fazê-lo? Como? O cansaço é fácil, já vimos. Basta botar o corpo para repousar. Mas eu quero deixar a preocupação de lado porque, enfim, eu quero fazer o que há de mais importante ao hoteleiro: receber bem, bem servir, gerar satisfação. Em síntese: praticar hospitalidade. E essa receita passo para todos os colegas preocupados.

Que esse imbróglio se vá logo, para podermos, apesar dos passageiros cansaços, estar ativos com toda força e disposição, cuidando das pessoas que procuram as nossas Unidades na esperança de serem bem recebidos.

*Figura Pública. Empresário.


Crônica redigida em 09.11.2017

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