sábado, 27 de julho de 2013

=> Diversidade Cultural no Parque Euclides Dourado


Nós somos muitos. Somos índios, portugueses, holandeses, franceses, ingleses e africanos. Nós somos povo. Gente que se misturou e do interior à capital, fez de Pernambuco um Estado multicultural. Mundialmente conhecido por suas cidades históricas, pelo seu carnaval e sua intensa produção patrimonial, que abrange os bens materiais e imateriais, pois em diferentes tempos históricos, diversas nações das nossas raízes, foram as responsáveis por isso. Seja marcando a nossa paisagem ou o nosso cotidiano, mas sempre nos deixando o legado para a extensa riqueza cultural pernambucana, que pode ser prestigiada durante o Festival de Inverno de Garanhuns – FIG, por meio da Exposição “Raízes e Asas”, abrigada pelo Espaço Patrimônios de Pernambuco, localizado no Parque Euclides Dourado.

A intenção dessa iniciativa é mostrar ao público do evento a contribuição das diversas nações, para a constituição das nossas raízes pernambucanas, e, a partir destas, nossas próprias características. Sendo assim, ganhamos “Asas” e delineamentos próprios, unindo diversas particularidades num só lugar.

POR DENTRO DA HISTÓRIA

No espaço que abriga um amplo acervo da nossa cultura, por exemplo, registros pré-históricos informam que abrigos em Furna do Estrago, localizados em Brejo da Madre de Deus, foram muito utilizados como cemitério indígena, onde os nativos eram enterrados em formato fetal. Nos achados arqueológicos também constam a pedra do letreiro. Um tipo de comunicação que eles utilizavam entre si. As marcas deixadas nos sítios históricos, tanto em Furna, quanto no Vale do Catimbau, falam da origem dos primeiros habitantes, que mesmo sem a comprovação oficial da etnia, iniciaram a história de Pernambuco.

Elementos artesanais destinados à caça e pesca, o conjunto de trançados, o uso de materiais como esteiras, redes de dormir, alimentos como o milho, a mandioca o cará, bem como frutas, a arte plumária, adornos, instrumentos musicais e as palavras de origem indígena, passaram a fazer parte do nosso cotidiano. Porém, são heranças herdadas das tribos Tabajaras e Caetés, estabelecidas em nosso Estado, de acordo com estudos sobre os indígenas. O fato é que eles contribuíram com a nossa identidade local até hoje.

A Exposição patrimonial também mostra os novos costumes impostos e apreendidos com o domínio Português, que promoveram o desenvolvimento da cultura do açúcar e seus engenhos, bem como a religiosidade, fortemente observados no legado da arte sacra, pois ao longo do século XVI várias igrejas foram construídas, com destaque para a de Igarassu, marco inicial da arquitetura. Nas nossas Raízes e Asas, também constam holandeses que se estabeleceram em nossa capital Recife, que além de Maurício de Nassau, trouxeram uma comitiva de pintores, escultores, astrônomos, arquitetos, bem como outros cientistas, para a ordem das coisas, na referida colônia à época.

Em nossa história cultural também consta a expressiva influência inglesa, responsável pela instalação das ferrovias, a construção de estações ferroviárias, a introdução de vários produtos industrializados, e a construção de prédios públicos. Os franceses contribuíram com a chegada do engenheiro de Louis Léger Vanthier, o qual projetou o Teatro Santa Izabel, bem como o Mercado Público de São José, fonte inspiradora de outros edifícios neoclássicos.

Nossas raízes africanas, que também datam do período colonial, mostram que pessoas escravizadas eram trazidas para trabalhar em nossa capital. As disseminações dos redutos de fuga do trabalho escravo, os chamados Quilombos, foram se espalhando por todo o Estado, e as celebrações em casas de cultos afros, contribuíram com a formação da cultura de eventos como o carnaval, bem como as festas juninas. Traços afros como a capoeira o frevo, o baião, o coco, o xote e o xaxado, também são observados como elementos que influenciaram definitivamente a nossa cultura. O bairro de São José, por exemplo, virou reduto urbano negro, pelos vários trabalhos que eles desempenharam na referida localidade.

Texto e foto: Cássia Amaral
Edição: Cloves Teodorico e Jacqueline Menezes (Secretaria de Comunicação de Garanhuns)
 

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