sexta-feira, 3 de julho de 2020

=> CRÔNICA: PATRIMÔNIOS

Por: Givaldo Calado de Freitas*



“Amigo, soube que você.... pensa que somos uma Ouro Preto, Olinda... até algum Parque Nacional que deve ser preservado, e, portanto, incluído na relação dos grandes patrimônios e parques da nação brasileira, até mundial?”
“Como é a história? Quem fala? Ora, ora! Será que não sabem que tenho horror de falar por esse ‘bichinho’? Amigos meus, sabem. Gosto de falar... Digo de conversar, olhando às pessoas. A cara das pessoas porque, sinto-as, vendo. Porque, vendo-as, afiro-as. E, vendo-as e aferindo-as, formulo melhor meu juízo.” De longe, como diria minha mãe: “todo gato é pardo”. E, aí, a gente nivela tudo por baixo. E assim não pode. As injustiças, por certo, serão fragrantes. E, não raras. Em sua maioria.
Ao amigo que me ligou, e antes que a ligação caísse, quis dizê-lo como Maquiavel: “As pessoas esquecem a morte do pai antes que a perda do patrimônio.”  Tanto melhor. Pela ligação ter caído. Por nada tê-lo referido. Afinal, só depois foi que me dei conta a que patrimônio ele se referia, e estava eu aí a misturar conceitos e valores. 

Por essa e tantas é que não gosto do “bichinho”. Pra mim, ajuda a confundir. Pra alguém, o motivo é outro. Mas, tudo bem! Portanto, viva a conversa presencial. E estamos entendidos.   
O amigo que me ligara duas horas atrás volta a me ligar. Atendo? Não atendo? Sou incorrigível. Não sei ser descortês com ninguém. E, por cima, horroriza-me álibis. Um, ensino de minha saudosa mãe. Outro, a franqueza de que sou possuído. Atendo. 
“Givaldo a ligação caiu. Esses telefones carecem de qualidade. E vejo o mundo nas ruas, em protestos e mais protestos. Aqui, a gente nada faz por nossos direitos, e até por aqueles que pagamos.”
Já agitado, disse: “Vamos combinar uma conversa nossa. Pode ser hoje ou amanhã ou... Agora, você sabe, seguindo as... dos que entendem de saúde. Lavagem das mãos, máscara, distância... Essas todas. Vou ter que desligar porque, na outra linha, uma filha minha me chama de Austin. Passe-me um zap.” 
Voltei à minha leitura. Uma crônica de Machado de Assis de 1865. Exatos 03 de janeiro de 1865: “A saudade e a esperança - a esperança e a saudade, diz um poeta, têm um horizonte idêntico: ‘Téloignement’.” 
Mais outra, essa de 03 de setembro de 1893 “(...) fiz tenção de dizer aos moços que não desdenhassem do passado, e aos velhos que não recusassem o futuro’.”  


Nossos patrimônios abandonados, destruídos... Vamos lá, pelo menos registrar alguns - Mercedárias, Bom Pastor, Casa do Estudante, Rosa dos Ventos, Cassino de Pernambuco, para referir só alguns. E, aqui, não interessa se de iniciativas públicas ou privadas. Aqui, interessa se de Garanhuns e cercanias.    

IMAGENS: ACERVO E DIVULGAÇÃO.

Redigido em: 1º.06.2020

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