quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

=> CRÔNICA: PRESENTE DE PRIMO

POR: GIVALDO CALADO*



“Ah! Já sei. Você gostaria que eu fizesse expor grandes pintores como Giotto Di Bondone, Miguel Ângelo, Rafael, Ticiano, Da Vinci, Rubens... Não! Quem sou eu, amigo. ”


“Ninguém me acredita. Mas digo que nunca o saquei da minha parede. E, para ele, olho e aprecio desde 1972. ”

“O único das dezenas de presentes que recebemos que tem um lugar de desataque, e que é olhado e apreciado em nossos dias a dia. ”

Na minha parede, faz anos, o presente do primo. “Mas sempre ele, Givaldo?” Perguntou-me, outro dia, um amigo dileto. Respondi: “Nessa parede que vejo todo dia, sim! Você não gosta do quadro? Alguma queixa dele? Alguma crítica sobre a obra? Ah! Já sei. Você gostaria que eu fizesse expor grandes pintores como Giotto Di Bondone, Miguel Ângelo, Rafael, Ticiano, Da Vinci, Rubens... Não! Quem sou eu, amigo.”

Continuei: “Quero te dizer que se ele está aí é porque gosto muito dele, e, para mim, ele tem um grande valor, sobretudo sentimental. É que fora presente de um primo meu, Gilberto. Faz anos. Muitos! Ninguém me acredita. Mas digo que nunca o saquei de minha parede. E, para ele, olho e aprecio desde 1972.”

A mim tenho dito que ele me lembra, a um só tempo, de meu casamento, e de meu primo, figura singular na amizade, na gentileza e na disposição com todos que o cercam. Enfim, no trato com as pessoas. 

Contador das histórias da família, conhece-as nos mínimos detalhes. E as conta e canta como um grande intérprete. Fora ele que me presenteou quando do meu casamento com Emília, no distante 1972. 

O único das dezenas de presentes que recebemos que tem um lugar de desataque, e que é olhado e apreciado, por nós, nos nossos dias a dia. Também podera. Uma obra de arte. Pena que não saibamos o nome de seu autor. Sabemos apenas que é paulista. Sua assinatura na obra é ininteligível e ilegível. Já fiz de tudo para traduzir, e nada. Mas, tudo bem! O certo é que gosto do quadro. E muito! E pronto!

Tenho, em residência, outros quadros de vários artistas. Todos, belíssimos. Mas esse meu amigo só implica com o quadro do primo. Será porque de autor paulista, que retrata o homem a caminho da pesca como se só o nordestino pudesse fazê-lo? 

Quer saber, amigo, o quadro do primo vai continuar na minha parede porque ele me presenteou com muito gosto e carinho. E gosto dele. E estamos conversados. Não tenho viés regional. O Brasil, para mim, é único. Indivisível.


*Acadêmico. Figura Pública.

REDIGIDA EM 02.01.2018 

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